Advogada, Escritora, Ativista Cultural, Natural de Santo André, Estado de São Paulo. Acadêmica, Cadeira n. 43 - Academia Nacional de Letras Portal do Poeta Brasileiro - ANLPPB www.anastoppa.prosaeverso.net

21
Out 13

 Alma de Poeta



Fez-se  a angústia na alma do poeta...

 

Quando provou a  ácida dor do existir ingrato.

 

Em silêncio  foram-se os tremas.

 

Viu-se banhado na avalanche de hiatos.

 

Sozinho, solitário, singular, solto...

 

Perdeu-se em  insanos e tolos questionamentos.

 

Em silêncio cerrou o embornal de rimas.

 

Desceu  sem pena  todas as cortinas.

 

No vazio do palco abraçou o nada...

 

Uma vez mais solitário encarou a curta estrada.

 

Fez-se a angústia na alma do poeta...

 

 

 

Ana Stoppa

 

 

 

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 03:32
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20
Mai 13

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 10:31

13
Mai 13

Petúnias Mortas


Na massa que move poeira da estrada
Chamas  apagadas,  resquícios do nada
Mortes anunciadas,  vidas nubladas
Não queira  ser só, desate os nós
Solfeje  os dós , domine as   dores
Cace   o amor,  sem  eira  nem beira
Além  dos  limites,  assim se permita
Viver é  fluir,  é bem mais que existir
Abrace, amasse, entregue, se apresse
As   frutas maduras bem pouco duram
Mel a jorrar,  vem  o amor   lambuzar
Água  de cheiro, perfumes de  vida
Olor de camélias,  vermelho arlequim
Cintila o orvalho no cristal das gotas
Lençóis de cetim reluzem   carmim
Enfeitam  donzelas  nas belas janelas
A  esperar por elas,  acendam  a vela
Caem todos  muros diante dos urros
Nas paredes tortas rangem as portas
Que já não importa,  retas ou tortas
Se tem um  pavio ou curva de rio
Se  guardam o profano ou azul oceano
De  onde derivam ,  vidas à deriva.
Perdidas   no fel,  no tosco papel
Dos tristes barcos,   cinza opacos
Sonhos acabados,  já não  importam
.Lençóis revirados de pranto molhados
De amores  sepultados, já não  importa
Amores adormecem, cerram-se as portas
Fenecem as almas  de dor adornadas
Cercadas do olor, das petúnias mortas
Já não  importa....


Ana Stoppa

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 23:48

21
Abr 13

 

Um Amor Para Toda Vida 




Sonhos adormecidos...

Há quanto tempo inertes,   arquivados, esquecidos?

-  Dez, vinte.. trinta  anos...


Mas, tal qual  o sol nas manhãs de domingo despertaram vigorosos, iluminados, coloridos.

Nas lembranças da velha senhora,  a menina sonhadora encantada com o amor - romântica,  sensível,   estendia   as mãos para  a esperança.

Vontade de vida...

Mas, o tempo...

O tempo  dobrou tantas esquinas, perdeu-se  nos becos da ilusão, ousou viajar  para  o país da  alegria, caminhou  descalço na areia fina, banhou-se em rios de pranto, encantou-se raríssimas vezes.

Apressado voou com as gaivotas, pulou  ondas, singrou mares, abreviou  fases da lua.

Sorrateiro subtraiu  as horas, os dias, os anos, os planos.

Plangente dicotomia  - sonhos, alma, amor – realidade, espelho cruel.

Desavisados casulos  libertaram prematuramente as borboletas – morte.

Na mente o bailar dos sonhos, os gritos da alma carente de amor,  coração solitário de há muito calado.

Mas a menina!

 A menina sonhadora,  intensa, construtora nata de sonhos  jamais  vivenciou os  planos de ser feliz.

E os anos... ah os anos voaram feito colibris em busca do néctar das flores nas manhãs primaveris.

Lembrou-se do aniversário de 15 anos – bolo,velinha, festa, vestido?

Nada disso!

Acordou no dia seguinte para enfrentar a longa fila, precisava da carteira profissional.

Não imaginava estar perdendo a época maispreciosa da vida envolta nos problemas familiares - desentendimento  dos pais,  educação dos irmão
s mais novos,  responsabilidade de contribuir para com o sustento da família – uma menina...
Estudos?



À revelia concluiu tardiamente o antigo ginásio.

Trabalho de sol a sol, vez ou outra  o cinema.

Vida dura, dinheiro contato, roupas  precárias,um  único par de sapatos – de plástico.

Via-se sem qualquer atrativo, apática, madura emocionalmente  diante das adversidades da vida.

Pressão, opressão, responsabilidades, solidão.

A determinação garantiu-lhe um cargo  de liderança antes dos vinte, na área administrativa.

Quantas lembranças...

Entre a saudade e a angústia  viu desfilar as imagens, as situações do cotidiano, o galgar dos degraus  na esfera profissional, as pessoas queridas que se foram.

Perdeu a conta...

Vestido de noivado emprestado,  a casa sem chuveiro, alimento contato, sensação de estar sozinha no mundo, de filha tornou-se mãe dos 
pais e dos irmãos.

O que imaginara ser o amor da vida conhecera casualmente na estação ferroviária morreu nas vias do interesse material   - falante como ela só desde
a tenra idade, viu-se conversando com o rapaz enquanto esperavam o trem.

O  bom gosto para se vestir herdou da mãe, mesmo possuindo poucas trocas de  roupas.

No primeiro encontro com o então professor de artes, que viria a ser  o marido estava vestida com  terninho reto, verde bandeira e  blusa básica  de gola olímpica cor de vinho.

Amante das artes sentiu-se  feliz quando o pretendente se dispôs a lhe dar aulas de pintura. 

Uma única tela, jamais acabada.

O desenho da silhueta de perfil  inserida em uma estrela estilizada com listras multicoloridas e fundo preto acompanhou-a por mais de três décadas.

Não sabe que fim  levou...

Enfrentou a família, época em que os pais achavam-se no direito de  sentenciar a vida pessoal dos filhos  reprovando a bel prazer  as pessoas sem ao menos conhecê-las.

Dolorosas lembranças mescladas com o despertar dos sonhos.

Casamento, filhos, carreira, estudos.

Lágrimas incontidas, tudo deu em nada  -  pensava em meio à profusão de imagens enquanto esperava ser atendida no posto de saúde.

Reconhecimento profissional, filhos encaminhados.

Sentimentos perdidos na tela inacabada da vida.

Perdera-se de si mesma – talvez.

Conquistas materiais, perdas afetivas.

Há cinco anos o mundo desabara,  fim do relacionamento - fora traída.

Nos primeiros dias desespero, precisava  ter alguém, como viveria sozinha!

Mas a dor maior  experimentou quando a realidade lhe deu bom dia – de há muito caminhava só.

Doloroso existir.

De um lado a profissional respeitada.

De outro o ser humano esquecido, arquivado nas gavetas do interesse deslavado do mundo que a cercava.

Na consulta  daquela tarde, exames de rotina – todos normais.

Mas  o coração, este  banhado nas lágrimas incontidas das lembranças.

O fio de vida que a sustentava despertara a menina sonhadora, as  lembranças, a vida, o tempo que se foi – quanto tempo perdido cuidando de tudo
e de todos – menos de si.

 Gradativamente habituou-se à solidão, ao  telefone mudo às ausências cada vez maiores.

Reaprendeu a viver, a olhar para dentro de si, a buscar a  paz e a  esperar do mesmo tempo que lhe furtara tantos sonhos a possibilidade de um dia  vir a devolvê-los...

Apressou-se por conta do horário – o estacionamento  onde deixara o veículo  fecharia em poucos minutos.

Antes de retornar para casa  passou na floricultura, comprou uma dúzia de rosas brancas.

Na mesma calçada a  cafeteria, mesa escolhida no cantinho.

Soube que o estabelecimento   naquela semana mudara de  proprietários.

Um senhor de  cabelos prateados no caixa, três  balconistas novas.

Pediu  o habitual –  café com leite e pão de queijo.

A festa de casamento farta, a banda, a alegria dos convidados.. tantos anos...

Naquela tarde as lembranças  despertavam aos borbotões.

De tão absorta no passado esqueceu na mesa do café as rosas brancas.

Estava entrando no veículo quando o senhor de cabelos prateados surgiu sorrindo portando o ramalhete.

-  Você queria deixar de presente?

Balbuciou enquanto fez menção de entregar-lhe.

- Ah antes  permita-me dizer,  sou Alberto, e você como se chama?

Estranhou ser chamada de você, (porém gostou),   percebeu o brilho no olhar do interlocutor.

- Maria Luíza, muito prazer!

Conversaram alguns minutos, o que se repetiu
nos dias seguintes.

Passou a achar irrelevante a dicotomia entre os sonhos da  menina  esperançosa que morava em seu interior e a realidade imposta pelos anos – completaria sessenta nos próximos meses.

Soube que Alberto ficara viúvo há dois anos.

Tinham a mesma idade.

O que  a vida lhe subtraiu na adolescência, passou a devolver-lhe em abundância.

Alberto pediu-a em namoro.

Passou a cercá-la de mimos, carinho, atenção, flores, bilhetinhos, canções, surpresas.

Amor outonal, doce, suave equilibrado, pra sempre!

Passados alguns meses,Alberto procurou os filhos de Maria Luíza sem que  ela soubesse, noticiou o namoro,  compartilhou a felicidade que estavam vivendo.

Fez o mesmo com os seus filhos.

Maria Luíza faria aniversário no próximo final de semana.

Na segunda feira, logo pela manhã um imenso buquê de rosas cor champanhe,  acompanhado do cartão dourado, onde Alberto escreveu um
apaixonado poema a ela dedicado.

Maria Luíza  feliz da vida   abraçou as flores, releu o cartão inúmeras vezes. 

Perto da hora do almoço Alberto chegou de ponta de pé, ouviu a amada recitar 
apaixonadamente o poema.

Maria Luíza completaria 60 anos no  sábado.

Sem que percebesse auxiliado pelos familiares  Alberto organizou a festa surpresa.

Pela  primeira vez teria uma  festa de aniversário!

Nos dias que antederam  surpresas diárias  acompanhadas de carinho – o afeto sonhado na juventude provado no outono do existir.

Sábado pela manhã  o ramalhete com doze rosas brancas para comemorar o primeiro encontro – até então haviam se passado seis meses.

Lembranças  do passado arquivadas,  no presente sonhos vivenciados em todas as nuances da breve vida.

Após o café da manhã Alberto convidou-a para a caminhada diária.

Maria Luíza sentiu-se desapontada.

No íntimo, ainda que  tentasse esquecer, a todo momento imaginava  uma  festa de aniversário, mas o silêncio sobre o assunto dava a entender que não teria.

Alberto  combinou com os  familiares – enquanto saísse com a amada  eles  rapidamente, montariam a festa   no  enorme alpendre dos fundos.

Rosas brancas, mesa de doces, bolo decorado,velinhas, balões, e uma enorme faixa autografada por todos – filhos, noras, genros, netos.

Maria Luíza, nós te amamos!

Feliz Aniversário!

Festa pronta, felicidade transbordando, famílias unidas.

Marcos, o filho mais novo de Alberto  combinou com todos para esconderem  no interior da casa  para em silêncio esperar a volta do casal.

Meu bem, vamos estrar pelos fundos, acabei levando a chave errada, disse-lhe Alberto quando se aproximavam do portão de entrada.

Maria Luíza sequer imaginou o que a esperava.

Mal adentraram no corredor os netos foram surgindo – Feliz Aniversário vovó!

Os netos de Alberto  também a cumprimentavam assim!

Em seguida os filhos, os familiares, a festa!

Tocada pela emoção de sua primeira festa de aniversário Maria Luíza  chorou copiosamente abraçada ao amado, dizendo a todo  o momento – não sei  o que te dizer, não sei como  te agradecer meu amor!

Ao se aproximar da mesa adornada com as rosas brancas segurando nas mãos dos netos

Cercada de todo carinho pelos familiares, Alberto pediu a palavra.

Da sala veio o violinista tocando Tema de Lara...

Silêncio...

Apenas a canção emoldurava a  voz embargada., visivelmente emocionado, perante todos  declarou seu amor por Maria Luíza.


A menina sonhadora sentiu sua alma em festa,como nunca!

- Vovó, vovó!

Mariana a neta de oito anos  surgiu ao seu lado de mãos dadas com Adriano, neto de Alberto, portando uma caixinha dourada 
nas mãos dizendo toda feliz:

Vovó, a gente tem uma surpresa para a senhora!

-É mesmo vovó ! Espere, disse Adriano!

 
Vovó Alberto tem uma surpresa para a senhora!

- Vem vovô, vem logo!

Dito isto entregou a pequena caixa para Maria Luíza.

- Alberto transbordando de amor disse  suavemente - antes  de cantarmos para você minha querida, diante de todos quero que  você de olhos
cerrados abra o presente.


Maria Luíza sentiu-se nas nuvens,  indescritivelmente feliz!

 Nervosa,  e ao mesmo tempo  querendo abrir a embalagem.

Quando tocou percebeu o conteúdo –  um parde  alianças!

Diante da emoção de todos, abriu os olhos marejados de lágrimas,  agradeceu a Deus.

Olhou nos olhos do amado, que ternamente tocou as suas mãos, pegou as alianças da caixinha,entregando a maior para ela.

Com as mãos trêmulas segurou apaixonado a mão direita da amada, em

seguida fez o pedido:

- Maria Luíza, quer se casar comigo?
 
                                                                Ana Stoppa


publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 07:32

18
Abr 13


O Calor do Abraço




Ande nas estradas floridas
De mãos dadas com a paz
Assim a tua  alma desenha
Da lida a mais bela resenha


Riscos de sonhos improvise
Quando perceber o cansaço
Assim descortine o sorriso
No calor de um bom abraço


De esperança a vida é feita
Florida é a estrada direita
Riscos de sonhos improvise
Quando perceber o cansaço
Assim descortine o sorriso
No calor de um bom abraço.


Ana Stoppa

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 10:14

16
Abr 13



Plantando Sonhos


 
 
Pedrinho chegou todo satisfeito com o brinquedo  que ganhou  da vovó Liana.

- Um copinho colorido  com uma haste encaixada na tampa,  na ponta  uma argola vazada. 

- Mamãe, como brinca com este brinquedo?

Pergunta o pequeno com três anos de idade.

-Ah filho isso é um brinquedo para  fazer bolinhas de
sabão.

Muito legal!


Vem aqui no quintal perto da casa do  Tutuco,
( o salsicha  de estimação da família),vem Pedrinho,
a mamãe vai te ensinar a brincar!


Fascinado como brinquedo colorido o menino
observou atentamente a mãe abri-lo.


Simone retira a haste,  mostra para o pequeno dizendo:

- É muito fácil querido, aqui dentro tem  uma mistura de  água e sabão.

Tá vendo as argolinhas?

Então, quando você tirar do tubo as argolinhas saem
molhadas na mistura.


- Que mistura mamãe?

De água e sabão.

Em seguida,  retornou a haste para o  frasco colorido.

- Filho, vamos contar ...

Um...Dois....Três!

No três você sopra devagar perto dos  círculos.

Pedrinho obedeceu.

Dezenas de bolas multicoloridas  brotaram, como que por magia!

O garoto ficou maravilhado.

- Filho você pode pegá-las, veja!

- Não mamãe, não quero! 

Mamãe, não quero que você pega -  disse  quase que
em tom de súplica.


Mesmo sem entender, Simone parou diante da carinha pensativa.

Esboçou abraçá-lo, quando ouviu:

Mamãe, a gente não pode pegar, é preciso deixar
nascer...


-  Nascer o que  filho?

Não pode pegar,  mamãe -  repetiu.


Precisa  plantar!

Plantar o que Pedrinho?

Mamãe, plantar as bolinhas coloridas para nascer um montão de  Arco-Íris!




(Ana Stoppa)

 
 
 
 
 
 
 


publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 07:31

11
Abr 13




Receita Para Sonhar


R epense  enquanto é tempo
E ste seu breve  existir
C onstrua  sonhos e planos
E scale a paz e a alegria
I ncursione  na fantasia 
T raga sempre um sorriso
A o estranho e ao amigo
 

P ense que nada é eterno
A prenda, é preciso sonhar
R igidez demais faz mal
A paga a chama do astral
 

S onhe sempre desmedido
O use  singrar o infinito
N avegue no doce oceano
H oje podes ser feliz
A me, realize os planos
R ápido é o cair dos panos...



Ana Stoppa

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 08:57
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