Poesia sempre poesia
Minha alma distraída deixou a porta aberta
Emoções inesperadas invadiram todas as frestas
Sentiu a vida pulsar de uma forma diferente
Percebeu os sentimentos revelados para o mundo
Como em um mágico sonho minha alma despertou
Deu boa noite á lua, cirandou com as estrelas
Aquarelou a saudade com tons da amizade
Deu vida aos muitos sonhos pulou as ondas do mar
Aprendeu a conjugar os tempos do verbo amar
Dançou a valsa de Strauss esqueceu-se da tristeza
Descobriu a vida bela e em versos a quis mostrar.
Rabiscou o universo em meio a um mundo de versos.
Hoje passeia feliz de mãos dadas com os sonhos
Ainda que a dor apareça, ainda que o pranto role
Acolhida nas escritas vive a escrever os versos
Aprende na inspiração os segredos do Universo.
Ana Stoppa
Hoje senti saudades
Hoje senti saudades da sombra da velha ameixeira no quintal dos meus avós, do perfume da dama da noite, do pote de doce de leite, dos canteiros de margaridas, dos lírios alvos, das histórias que o nono Francisco pacientemente me contava enquanto todos os primos brincavam...
Hoje senti saudades das procissões, dos anjinhos de branco, da chama das velas, dos rosários, da cruz, da coroa de Cristo, do domingo de ramos, das
aulas do catecismo, das festas no salão paroquial, das missas, dos cantos religiosos...
Hoje senti saudades da única boneca de porcelana, que tão pouco durou pois deixei-a cair logo que a recebi, não teve conserto...
Hoje senti saudades de ouvir minha mãe cantarolando baixinho enquanto preparava nosso banho e pensar que se fora décadas, pois na época tinha no máximo uns 4 anos de idade...
Hoje senti saudades dos meus barcos de papel, das nuvens de algodão doce, do sorvete de creme holandês, do passeio no circo, da quermesse,de andar descalça, de colecionar figurinhas, de brincar de piques, esconde,esconde, de rodas, de pular amarelinha...
Hoje senti saudades do dia de minha primeira comunhão, do alvo vestido, do sorriso dos meus pais, do bolo feito com esmero pela minha saudosa mãe...
Hoje senti saudades da família reunida, dos contadores de causos, de ver
meu pai tecendo redes, de admirá-lo quando lia para mim os jornais
amanhecidos, de vê-lo chegar do trabalho, de irmos à igreja aos domingos...
Hoje senti saudades dos passeios anuais no sítio dos nossos familiares, no interior de São Paulo, de ouvir a passarada, de correr pelos campos, de subir nos pés de frutas, do cheiro de pão quente, da pesca no açude,do calor do fogão de lenha, do cheiro da relva molhada, do gosto das frutas maduras, das pessoas queridas que se foram, do carinho recebido sem medida, da alegria dos meus irmãos, das festas que fazíamos com cantos e brincadeiras, éramos tantos...
Hoje senti saudades da sala de minha avó Maria toda enfeitada com abajur de
papel de seda, toalhinhas de crochê, flores parafinadas, do abraço demorado, do olhar terno, das palavras doces...
Hoje senti saudades do céu rebordado de estrelas, dos milhares de vaga-lumes, de ouvir o coaxar dos sapos, o canto do sabiá laranjeira, dos grilos e das cigarras, de ver as joaninhas passeando sobre as folhas...
Hoje eu senti saudades do dia em que ganhei meu primeiro livro, A Rainha da Neve, da pequena caixa com lápis de cor, dos doces vendidos na porta da escola, do canto da Verônica, dos confetes multicores, do banho de chuva, da minha casa caiada de branco, do gorjeio dos bem-te-vis, dos jardins repletos de borboletas, da revoada das andorinhas, das cores do arco-íris.
Hoje senti saudades...
Saudades de um tempo chamado infância.
Ana Stoppa.
Despertar da lua cheia
Havia uma lua linda
Que enfeitava o nosso céu
De repente foi embora
Feito barcos de papel
E as muitas estrelas
Transbordantes de alegria
Que ao redor faziam festa
Sem pedir adormeceram
Com preguiça de acordar.
Quanto prantear
Nas caladas madrugadas
Foram muitos fevereiros
Em meio ao aguaceiro
Derramado sem parar
Até que um certo dia
A mais linda das estrelas
Fez clarão na noite fria
Despertou a lua cheia!
Ana Stoppa
Alma de Poeta
Pobre alma distraída esqueceu a porta aberta
Emoções inesperadas invadiram-lhe as frestas
Sentiu a vida pulsar de uma forma indescritível
Experimentou sensações, voou como colibris.
Despertou da letargia, experimentou a alegria
Sorriu feliz para a lua, cirandou com as estrelas
Coloriu a tal saudade com os tons da amizade
Deu vida aos desejos, pulou as ondas do mar
Aprendeu a conjugar os tempos do verbo amar
Dançou a valsa de Strauss esqueceu-se da tristeza
Descobriu a vida bela e em versos a quis mostrar
Rabiscou as emoções, teceu histórias e poemas.
Hoje passeia feliz, mãos entrelaçadas com a paz
Ainda que surja a dor , ainda que o pranto role
Quando vem a inspiração, entrega-se por inteiro
Prova em cada verso o sabor do amor primeiro.
Ana Stoppa
Serenas Rosas
Talvez agora, quando a noite se avizinha
E plangentes sinos badalam a Ave Maria
Possas sentir teu coração no peito pulsar.
Talvez percebas no revoar das andorinhas
A alma transformada livre da melancolia
A bailar doces melodias ansiosa por amar.
Talvez descubras a beleza da simplicidade.
Caminho de serenas rosas rumo à felicidade.
Ana Stoppa