Advogada, Escritora, Ativista Cultural, Natural de Santo André, Estado de São Paulo. Acadêmica, Cadeira n. 43 - Academia Nacional de Letras Portal do Poeta Brasileiro - ANLPPB www.anastoppa.prosaeverso.net

25
Abr 13


Viés do Caráter


 
A  competitividade do mercado aliada à faixa etária    conduziram Severo para  um emprego
com salário inferior e profissão diversa da que habitualmente exercia.

Da metalúrgica de grande porte onde por mais de duas décadas laborou como Prensista,

viu-se obrigado a mudar de  profissão  após a quinta década de vida.

Estava fora do mercado  - pouco estudo, idade  avançada segundo os padrões seletivos.

Foram seis meses batendo de porta em porta em todas as empresas possíveis e nada.


Até que certo dia,  na feira de domingo  encontrou o  conterrâneo Francisco.  


- Ô Severo já arrumou emprego?

- Que nada Francisco,  graças a Deus não pago aluguel, porque se dependesse teria sido

despejado  falta de pagamento.

Ainda bem que Anete faz umas faxinas, não fosse isso a gente passava fome.

- Tenho um emprego pra tu!

- Não me diga homem!

Nem preciso dizer,  pego qualquer serviço!

Pois é Severo, quem me disse do emprego foi a Toinha.

- Toinha?

Sim seu menino!

Aquela galega que de vez enquanto encontro no forró.

Francisco, pois eu sei quem é!

Todo sábado tá na casa de minha irmã Zeferina.

Deixa estar que de hoje a sete vou  falarei com ela, quem sabe me ajuda...

Anete dedicada como sempre fazia de um tudo para manter a paz na família, se desdobrava

 fazendo faxina em várias casas para que  o pão não viesse a faltar.

Os três filhos já  adultos auxiliavam no que podiam.

 Tiveram que abandonar os estudos para trabalhar.

Severo costumava chegar a casa, abraçar a esposa, perguntar pelos filhos, dar um

agrado no  Pitoco – o vira-latas da família, depois do jantar ficava horas ouvindo Luiz

Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho.

Com todo o sufoco em razão do desemprego,  seu sorriso se fazia lindo quando lhe

 perguntavam pelo primeiro neto que estava a caminho.

- Anete, tu sabe quem encontrei hoje?

Diga meu nego, falou a doce esposa.

Francisco, tu se lembra dele?

-  O filho de dona Eleutéria?

Sim!

Ele mesmo!

 Pois então, deu-me umas dicas pra
eu falar com Toinha, disse que talvez ela pudesse  me
arrumar um emprego.

 Sábado  darei um pulo até a casa dela.

- Que bom, quem sabe tu sai deste desespero homem!

Ah, queria te contar Severo, Zuleide chega  semana que vem de Crato, disse que fica uns
dias aqui em casa.

A bela morena,  irmã mais nova de Anete viria passar dois  meses  na cidade grande.

Acabara de sair do terceiro casamento aos trinta  anos de idade...

No final de semana seguinte  Severo foi  até a casa de Toinha.

Ao saber qual seria o emprego ficou meio receoso, mas disse pra si mesmo – todo

trabalho é honesto!  Vou encarar este é com dignidade!

Marcou de na segunda-feira logo cedo falar com o gerente do negócio,  antes de

confirmar para a família a conquista do novo emprego.


Passava do meio dia,  (naquela tarde Anete estava em casa) quando chegou com a notícia.

Mulher!

 Encontrei um emprego!

 - Graças a Deus  Severo, eu não lhe disse que na hora certa o socorro viria?

Que emprego  arrumastes homem?

Anete a partir de quarta-feira  trabalharei de segurança.

- Segurança?

Indagou a esposa assustada, pois sabia que a profissão
do marido era outra.

- Sim segurança!

 Mas é tranquilo, o lugar é sossegado.

Vou participar da equipe, tem dois trabalhando à noite - els me ensinarão o trabalho.

Segurança de que mesmo Severo?

Segurança de Motel.

De que?

Isso mesmo que você ouviu Anete de Motel!

O que é que tem é um trabalho como outro qualquer.

Salário menor, função diferente, emprego que poderia dar o que falar, nada  disso incomodou
Severo – bastava saber que ganharia o   pão com honestidade – atitude dos sábios.


Preencheu a papelada, iniciou na mesma semana.

Toinha trabalhava de cozinheira no estabelecimento havia 10 anos.

Raramente a encontrava, pois  foi contratado para o período da noite.

Severo se habituou à nova atividade -  carteira registrada, vale-transporte, salário razoável e

até convênio médico.

Normalmente trabalhava com mais dois colegas por turno – Rivaldo e João.

Rivaldo, o mais antigo de casa quando Toinha entrou no emprego ele já trabalhava lá.

Quando o movimento diminuía auxiliava  na limpeza  da recepção.

Almoço de domingo,  filhos em casa, alegria geral.

- Severo, quanto tu tem folga?

- Só na sexta feira próxima Anete.

- Pois vai dar certinho,  Zuleika chega neste dia, vamos  esperá-la na rodoviária.

Mesmo cansado não negava nada para a esposa, saiu do serviço na sexta pela manhã,

marcou de encontrá-la no terminal rodoviário, foi direto para lá esperar a cunhada 
até o desembarque  - previsto para o meio dia.

- Que saudades Anete!

Severo, obrigada por vir aqui me buscar!

- Olhe Anete o que mainha mandou pra tu – carne de sol, tapioca,  rapadura e

 manteiga de garrafa.

E tem também um litro de mel purinho, do bom  pra tu fazer xarope !

Após as notícias dos parentes especialmente as novidades,  seguiram para casa
.
Um quarto  modesto esperava por Zuleika – ficaria uns dois meses.

Anete, onde tem forró por aqui minha irmã?

- Mas tu nem bem chegou e já quer  ir para os bailes?

Sim mana,  sou doida por um arrasta pé!

Tem um perto da rodoviária de casa todo sábado, vai até o dia nascer, lotado!

Pois é lá mesmo que vou amanhã!

O  forró aos sábados tornou rotina para Zuleika, não demorou estava de caso com

  um dos frequentadores.

Namoro todos  as noites –antes da uma da manhã nem adiantava procurá-la.

Confidenciara para a irmã que estava na verdade se encontrando em dias alternados

com  dois  homens, para ver qual daria certo...

Não sabia o local de trabalho do cunhado era o mesmo que se refugiava com um dos amores.

Até que um dia viu-se sem saída – o segundo pretendente  antecipou o convite do dia

seguinte – o mesmo motel!

O que fazer – pensou Zuleika, sem querer perder a chance de  continuar com os dois

relacionamentos até se decidir...

Não poderia  aparecer com outro acompanhante,  não conseguiu convencer o amado para

mudar de local.

Passou a noite em claro, até que veio a brilhante
ideia  - pegaria sorrateiramente a carteira de
identidade da irmã!

Respirou aliviada quando viu a possibilidade de não contrariar o pretendente -  quem sabe

seria ele o príncipe encantado.

Quando todos na casa  estavam no quinto sono   pegou  sorrateiramente a bolsa de Anete.


Mal abriu,   a preciosidade estava diante dos  olhos!

Nem precisou procurar.

Rapidamente subtraiu o documento.
 
Em  seguida recolheu-se ao pequeno quarto para o sono dos despreocupados, não sem antes 

guardar cuidadosamente a  preciosidade.

Acordou mais cedo do que de costume com o barulho vindo da cozinha.

- Vamos  mais eu no médico Zuleika?

Vou não Anete, quero descansar.

Lá pelas 10  quero visitar a Zeni do Manoel -  uma  conhecida da terra natal.

Há dias aguardando  a liberação do exame pelo convênio,  Anete foi mais cedo para garantir.

A consulta seria às 14 horas.

Antes das 10 estava na clínica.

- Seu documento Senhora -  pediu educadamente a recepcionista.

Anete virou  a bolsa dos avessos não encontrou a identidade.

Tem pelo menos um documento com foto Dona Anete?

-Espere, aqui está a minha carteira profissional.

Finalmente realizaria a tomografia, após esperar mais de 6 meses.

Sentou-se matutando onde teria deixado a RG.

Quando foi chamada para realizar a tomografia da coluna lombar  passava das 15 horas.

Severo  estranhou a demora da esposa.

Saiu para trabalhar como de costume na hora da Ave Maria e nada de Anete chegar.

Ao regressar a esposa  dormia.

Procurou acordá-la para um carinho e nada.

Os medicamentos  ingeridos no dia anterior a deixaram sonolenta.

Severo estranhou a recusa.

Pela primeira vez sentiu-se rejeitado.

Zuleika chegou na hora do almoço – a noite  de amor com o pretendente de tão boa

varou o amanhecer.

Assim que entrou em casa deu um
jeito de colocar a identidade da irmã no lugar.

 Severo, decepcionado com a atitude de Anete recolheu-se no canto da cama.

Quando acordou  estava quase que na hora de ir para o trabalho.

A bateria de exames  deixou Anete entregue.

A queixa das fortes  dores nas costas aumentavam dia a dia.

Naquele  momento Severo falava, mas parecia que a esposa não ouvia  -  sentia-a

cada vez mais longe.

Miolo mole juntava o fato de a mulher   ficar o dia inteiro fora com a aparente indiferença.

O resultado dos exames sairia  após 10 dias.

Anete voltou com um receituário enorme e  a recomendação médica para que repousasse,

a fim de que não fosse obrigada a ingerir  altas doses de analgésicos.

Sentia-se enfraquecida, porém ocultava  da família.

Não queria despertar preocupações.

Ao sair par ao trabalho já no anoitecer Severo levou consigo a rejeição  sofrida na manhã, a 

apatia da esposa durante o dia, a demora no tal do exame – a cabeça fervia.

As duas da madrugada tinha a pausa do café, quando colocava o papo em dia com os 

colegas de trabalho.

- Que cara é essa  Rivaldo?

É nada não Severo,  hoje estou  meio aborrecido...

Que nada!

Conheço você Rivaldo, vamos homem desembucha!

Severo viu a expressão de medo no rosto magro do amigo.

Mais que isso – pavor.

Após alguns minutos de total silêncio  Rivaldo danou-se a falar.

- Severo, tu sabe que faço a limpeza da recepção todas as noites aqui não sabe?

Sim!

E o que é que tem isso?

- Tu sabes que lá as moças recebem os documentos do povo que vem namorar aqui não sabe?

Sabe que a norma da empresa é o sigilo, no que sempre respeitei até porque nada tenho a ver

com a vida dos outros, aqui é nosso trabalho.

- Vamos homem diz logo, pra que tanto rodeio?

E esta cara de espanto, morreu alguém foi?

Severo meu amigo, fique calmo.

Nem sei por onde começar...

Mas ontem quando  Edilma, uma das meninas da recepção faltou.

Como sempre trabalham em duas, Marinalva  ficou sozinha,  por isso  me chamou várias vezes 

para ajudar.

Pois então, quando ela foi ao banheiro estavam alguns documentos separados para

entregar aos clientes quando saíssem.

E eu de enxerido fui dar uma espiada...

Sim, e dai Rivaldo?

Espiada em que?

Em quem estava namorando por aqui Severo!

E daí?

 Coisa feia, não é seu trabalho homem!

Rivaldo  tremia...

Sei que não é, mas sou seu amigo preciso te contar
uma coisa muito séria.

Pois conte logo!

Os documentos...

Rivaldo emudeceu por alguns segundo disparando
em seguida.

 - Tu vai  é endoidecer,  mas não tem jeito, sou seu amigo -  vi a carteira de identidade

de sua mulher  aqui!

O que?

É isso mesmo Severo!

Sua esposa esteve aqui com um “cabra”,  tu foi traído!

 - Valei meu Padre Cícero, como Anete pode fazer isso!

Em seguida  grossas lágrimas  escorriam na face.

Depois, o silêncio.

Sentindo-se melhor Anete acordou mais cedo, preparou o café  ao gosto do marido – cuscuz,

inhame, carne de sol,  manteiga de garrafa, café.

Sabia que as dores tinham causa à ser descoberta – o médico havia dito.

Severo entrou em casa  cego, foi direto par ao quarto.

Retornou com a velha arma em punho.

Olhou bem para a mulher, nada disse – foram  três tiros
certeiros.

Transtornado esperou a chegada da viatura.

Assumiu o ato.

Limitou-se a dizer para o delegado – lavei a minha honra.

Zuleika quando soube do acontecido calou-se sem o menor remorso.

Após o funeral da irmã decidiu ficar de vez na capital.

Família destruída, Severo preso.

Emprego de diarista,  moradia de graça.

Era o  incentivo que precisava, do nada deixou os bailes,
os dois namorados – ao final nenhum deles conquistara seu coração.

Chorava  copiosamente diante dos familiares.

Como representava!

A vida da irmã ceifada de forma violenta em razão do documento temporariamente

furtado...

Tornou-se assídua frequentadora das missas dominicais.

Convenceu os sobrinhos  a deixá-la ocupar o quarto da falecida,com  os  pertences,

objetos pessoais e tudo mais.

Cristã  fervorosa que se tornara aproveitou a folga no feriado para visitar Severo no presídio.

Até então tinham  se passado seis  meses desde a fatídica manhã.

Caprichou no visual – como nos tempos dos bailes.

Preparou comidas típicas, algumas roupas, doces e o santinho da falecida -pois como

Severo  foi detido logo após o crime tudo ficou para trás.

Os  três filhos – duas moças e um rapaz,  traumatizados com o ocorrido romperam relações

com o pai.

Quando avistou o cunhado vestido com o uniforme   cor de  laranja, não se conteve

 a emoção.

Severo também chorou ao tempo que falava da saudade que sentia dos filhos, da

vida arruinada, da traição  ( que nunca ocorreu), de Anete.

Zuleika prestou atenção, abraçou o cunhado demoradamente dizendo...

É Severo, bem que eu desconfiava que Anete não  fosse  lá estas coisas, fazer

  o que não é ela fraquejou...

Imagine trair um homem tão bom como tu!

Severo relatou a solidão da prisão, mas em nenhum momento demonstrou arrependimento,

 até porque na sua concepção lavara ( estupidamente) a honra.

 


Ao final da visita  implorou para que  Zuleika voltasse pelo menos uma vez por mês.

Exausta, após três conduções lá estava de volta ao lar ( da irmã), subtraído deslavadamente

não conseguia parar de pensar no abraço de Severo, fantasiou, adormeceu, sonhou...

Passou a visitá-lo  quinzenalmente.

Os sobrinhos quando souberam  deixaram a moradia.

No terceiro mês oferecida como nunca ao despedir-se  do cunhado tascou um beijo.

Severo endoidou -  desta vez de paixão.

Sentia o corpo em brasas, as horas paradas.

Passou a viver em função das visitas.

Criou coragem, marcou visita íntima.

Fizeram amor como nunca.

Entre beijos e carícias a ordinária sussurrava
no ouvido do amado...mas como Anete pode te
trair meu amor...

Perto do Natal, a notícia – estava grávida!

Quando contou para Severo este abriu um sorriso  maior do que a boca da noite!

Sentiu-se remoçado, esqueceu repentinamente dos filhos que o abandonara -   decidiu

que a sua vida recomeçaria  naquele momento,  mesmo privado da liberdade.

Pediu Zuleika em casamento, pouco se importando com a diferença de idade.

Ele perto dos sessenta, ela com trinta e quatro...

Casaram-se no presídio.

No quinto mês de gestação soube que seria uma menina.

- Severo -  disse toda dengosa.

Pensando bem amor, temos que perdoar...

Quero homenagear minha irmã, a pecadora que te colocou aqui, você sabe o sangue

fala mais alto, depois  “mainha”  sempre ensinou  que devemos ser unidos..

Nossa filhinha terá o nome parecido com o dela – Janete.

Diz que  concorda, diz!

- Você escolheu minha flor, tá escolhido – Janete.

- Presente de aniversário, a menina veio ao mundo no dia em que  Severo completou

 sessenta anos – tempo de recomeçar segundo o apaixonado casal.

No quarto aniversário da pequena foi colocado em
liberdade.

Zuleika, grávida do segundo filho combinou que
esperaria o amado em casa, nas primeiras horas da manhã...

Acordou mais cedo, preparou a mesa – aipim, bolo de puba, tapioca, manteiga de garrafa – do

mesmo modo que Anete preparava.

Apressou-se em  sumir com os porta retratos, não queria nada de Anete na nova vida.

 Querida estar bonita!

Nos guardados da irmã, confrontando com as fotos antigas, descobriu o vestido  de noivado.

Experimentou – um pouco justo, estava no quarto mês de gestação.

Feliz como nunca diante do retorno de Severo  vestiu-se  com a roupa escolhida -  cópia

de Anete.

Despachou a filha para a madrinha.

Vida nova -   família, amor, saúde, religião.

Tudo perfeito.


Com o plano arquitetado para subtraiu (definitivamente) a identidade da pobre irmã.



Ana Stoppa
 

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 05:54

Alquimia Divina

 

"Da mistura de raças somos feitos
Ânforas sagradas 
permeadas de horizontes diversos,
Laços,
Abraços, 
Compassos, 
Cores, dores, amores.
Mistura sagrada  dosada pelo Criador
Que em cada fase deste imenso tacho
Chamado mundo onde nos insere,
Colocando  ora uma pitada de esperança, 
Ora uma de amor,
Ora de felicidade.
Assim somos feitos do barro
Que que faz o jarro onde jorra a vida, 
Poeira úmida a flutuar
Nas asas do tempo 
Que nos remete às origens - o pó! 
Assim somos feitos!"  ( Ana Stoppa)

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 05:49

 

"As pragas jamais conseguirão destruir a determinação,

a fé, a certeza da colheita, a paz e a esperança dos

bons semeadores." (Ana Stoppa)

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 05:46

24
Abr 13

Incômodos & Incomodados


Por incrível que pareça a simplicidade incomoda,  o talento, a luz, a competência profissional,

a disposição de lutar pelo semelhante  também incomodam.


As ideias em prol de uma sociedade melhor,  a criação de projetos incomoda. 

Incomoda  os incompetentes de plantão, invejosos de carteirinha.

 Incomoda os acomodados, os que pensam que para vencer na vida basta sonhar sem mover

uma palha, os vazios em termos de espiritualidade, os egoístas incapazes de enxergar

além do próprio umbigo. 

 

Incomoda os ausentes contumazes  na escola da vida, especialmente nas aulas das matérias

 simplicidade, respeito, lealdade, ética e bom senso. 


Incomoda aos que mesmo tendo a faca e o queijo na mão permite que sua fatia apodreça

enquanto cuida da vida alheia.

 Mas, como tudo sempre tem um, mas os incomodados de carteirinha tão  preocupados

com o sucesso alheio ao ponto de procurar motivos para tentar macular a imagem do semelhante

bem sucedido se esquecem de  pequenos ( mas essenciais) detalhes...


Ninguém veio para  a curta passagem terrena  apenas para viver a própria vida. 

Ninguém, mas ninguém mesmo é dono de absolutamente nada. 

Todos são  meros usufrutuários.

Nada além do nome pertence ao ser humano.

De outro modo  aqueles a quem Deus capacita para liderar o fazem não em proveito próprio.

 Os líderes são pessoas bem resolvidas, talhadas para servir, nada esperam em troca, pois

servindo sentem-se recompensados pelo Criador.


 Se têm sucesso, ( geralmente não sabem a dimensão), este vem da dedicação, da disciplina,

do preparo profissional. 

Mas se existe algo que fere de mortea dignidade das pessoas que se dispõem a lutar por uma

sociedade melhor, são os imaginários tanques de lavadeira onde transbordam  assuntos do

tipo ouvi dizer ou as máculas descabidas que os desocupados e invejosos tentam impingir

 sem qualquer fundamento. 


Quem alega tem que provar.

 Quem torna público assunto sem qualquer fundamento paga, não só no aspecto cristão,  ma

s na reparação do ilícito. 

 Acho que basta de reflexão...(Ana Stoppa)

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 04:48

23
Abr 13

Minha Terra Abençoada
      

Quando abri a velha porteira me vi de novo criança,

Estrada de terra batida desenhada nas lembranças.

O caminho era o mesmo – estreito e cheio de curvas,

Café pronto para a colheita com abundância de frutos.

O terreiro bem pertinho pronto para secar os grãos.

Mais adiante a casa branca, onde um dia eu morei,

As duas roseiras na porta, o grande caramanchão,

O pomar do lado esquerdo do outro o mangueirão.

Bati na porta de entrada, onde mamãe me esperava.

Caminhando lentamente abraçou-me emocionada.

O banquinho de madeira, um copo de café fresco,

Tirou a fornada de pão, serviu-me com emoção.

Sentamos no alpendre da sala para a roça apreciar.

O pomar carregadinho muitas frutas para apanhar.

Pêssegos, laranjas e mangas, jabuticabas pretinhas,

Caquis, Abacates, Ameixas, mexericas madurinhas.

Mais adiante o velho engenho pra moer cana caiana,

A plantação de tomates prontinha para a colheita,

Milharal pondo as espigas, batata doce nas leiras.

Brancas maçãs do algodão enfeitavam a plantação.

O carro de boi encostado - pude ouvir o seu ranger,

Quando meu pai conduzia transportando a nossa roça.

Dois bois mansos o puxavam um berrante orientava.

Da terra saiam os alimentos para abastecer o povoado.

    

O riacho de pedrinhas a mina que vem da montanha.

A água ainda em fartura banha a grande plantação,

Lavoura verdinha, viçosa, aqui se aboliu as queimadas

Meu pai dizia que a terra é a mãe para ser cuidada.

Vim aqui matar saudades da minha querida família,

Meu coração sertanejo entende que de pouco precisa.

Basta estar nesta terra onde o verde faz morada,

Minha alma está em festa aqui se descobre amada!
(Ana Stoppa)



publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 03:34
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22
Abr 13





X Fecacri - Festival da Canção Cristã 25.03.2012

2. Letra mais Votada:  O Socorro do Planeta - Ana Stoppa.




     O  Teatro do  Cenforpe  de São Bernando do Campo/SP foi  palco para a realização da X Edição do Fecacri - Festival da Canção Católica promovido pela Diocese de Santo André/SP, responsável pelas paróquias da regíão do ABCDMR ( Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra).
      Trinta e duas canções concorreram interpretadas por grupos e bandas oriundas das paróquias da região.
      Nosso grupo Cordas e Vozes representando a cidade de Mauá,  participou com duas canções:

     a) O Socorro do Planeta - letra:  Ana Stoppa, melodia Antenor de Oliveira.

     b) Santo Frei Galvão - letra e melodia Antenor de Oliveira

     Segundo o corpo de jurados foram classificadas em 2. e 3. lugares, respectivamente.


A canção O Socorro do Planeta recebeu melodia cadenciada nos dois primeiros versos,

o terceiro declamado; os dois  últimos em   ritmo de baião, (o que levantou a platéia).

Gravada pela Orquestra de Violeiros e Berranteiros de Mauá em 2012, onde participo

no Coral das Comunidades.


No estúdio para a gravação do CD do Festival, previsão II Semestre 2013.



 
O Socorro do Planeta


O Planeta saturado agoniza dia a dia
E o pretenso progresso torna a vida vazia
Mares, rios e lagoas repletos de detritos
A terra pede socorro, atente escute o grito


As matas destruídas de forma rude de fria
Morrem os animais, canta triste a cotovia
Peixes já são escassos, prenúncio de fome e terror
A terra pede socorro, escute o grito de dor


O respeito à Natureza, deve ser a cada dia
Mais e mais valorizado pra tudo não ser destruído
E se tornar nostalgia
A terra chora cansada, com  a alma em agonia


Uma luz enfim desponta reluzente, inebria
O despertar da consciência de muita gente vazia
Um milagre acontece, no planeta triste aflito
Como que por magia todos ouviram os gritos


A Terra respira enfim, repleta de alegria
Os rios despoluídos, canta feliz a cotovia
As matas hoje preservadas, livres da ganância humana
Respeito à Natureza, a Mãe é Terra Soberana!


(Ana Stoppa)




publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 08:46

21
Abr 13

 

Um Amor Para Toda Vida 




Sonhos adormecidos...

Há quanto tempo inertes,   arquivados, esquecidos?

-  Dez, vinte.. trinta  anos...


Mas, tal qual  o sol nas manhãs de domingo despertaram vigorosos, iluminados, coloridos.

Nas lembranças da velha senhora,  a menina sonhadora encantada com o amor - romântica,  sensível,   estendia   as mãos para  a esperança.

Vontade de vida...

Mas, o tempo...

O tempo  dobrou tantas esquinas, perdeu-se  nos becos da ilusão, ousou viajar  para  o país da  alegria, caminhou  descalço na areia fina, banhou-se em rios de pranto, encantou-se raríssimas vezes.

Apressado voou com as gaivotas, pulou  ondas, singrou mares, abreviou  fases da lua.

Sorrateiro subtraiu  as horas, os dias, os anos, os planos.

Plangente dicotomia  - sonhos, alma, amor – realidade, espelho cruel.

Desavisados casulos  libertaram prematuramente as borboletas – morte.

Na mente o bailar dos sonhos, os gritos da alma carente de amor,  coração solitário de há muito calado.

Mas a menina!

 A menina sonhadora,  intensa, construtora nata de sonhos  jamais  vivenciou os  planos de ser feliz.

E os anos... ah os anos voaram feito colibris em busca do néctar das flores nas manhãs primaveris.

Lembrou-se do aniversário de 15 anos – bolo,velinha, festa, vestido?

Nada disso!

Acordou no dia seguinte para enfrentar a longa fila, precisava da carteira profissional.

Não imaginava estar perdendo a época maispreciosa da vida envolta nos problemas familiares - desentendimento  dos pais,  educação dos irmão
s mais novos,  responsabilidade de contribuir para com o sustento da família – uma menina...
Estudos?



À revelia concluiu tardiamente o antigo ginásio.

Trabalho de sol a sol, vez ou outra  o cinema.

Vida dura, dinheiro contato, roupas  precárias,um  único par de sapatos – de plástico.

Via-se sem qualquer atrativo, apática, madura emocionalmente  diante das adversidades da vida.

Pressão, opressão, responsabilidades, solidão.

A determinação garantiu-lhe um cargo  de liderança antes dos vinte, na área administrativa.

Quantas lembranças...

Entre a saudade e a angústia  viu desfilar as imagens, as situações do cotidiano, o galgar dos degraus  na esfera profissional, as pessoas queridas que se foram.

Perdeu a conta...

Vestido de noivado emprestado,  a casa sem chuveiro, alimento contato, sensação de estar sozinha no mundo, de filha tornou-se mãe dos 
pais e dos irmãos.

O que imaginara ser o amor da vida conhecera casualmente na estação ferroviária morreu nas vias do interesse material   - falante como ela só desde
a tenra idade, viu-se conversando com o rapaz enquanto esperavam o trem.

O  bom gosto para se vestir herdou da mãe, mesmo possuindo poucas trocas de  roupas.

No primeiro encontro com o então professor de artes, que viria a ser  o marido estava vestida com  terninho reto, verde bandeira e  blusa básica  de gola olímpica cor de vinho.

Amante das artes sentiu-se  feliz quando o pretendente se dispôs a lhe dar aulas de pintura. 

Uma única tela, jamais acabada.

O desenho da silhueta de perfil  inserida em uma estrela estilizada com listras multicoloridas e fundo preto acompanhou-a por mais de três décadas.

Não sabe que fim  levou...

Enfrentou a família, época em que os pais achavam-se no direito de  sentenciar a vida pessoal dos filhos  reprovando a bel prazer  as pessoas sem ao menos conhecê-las.

Dolorosas lembranças mescladas com o despertar dos sonhos.

Casamento, filhos, carreira, estudos.

Lágrimas incontidas, tudo deu em nada  -  pensava em meio à profusão de imagens enquanto esperava ser atendida no posto de saúde.

Reconhecimento profissional, filhos encaminhados.

Sentimentos perdidos na tela inacabada da vida.

Perdera-se de si mesma – talvez.

Conquistas materiais, perdas afetivas.

Há cinco anos o mundo desabara,  fim do relacionamento - fora traída.

Nos primeiros dias desespero, precisava  ter alguém, como viveria sozinha!

Mas a dor maior  experimentou quando a realidade lhe deu bom dia – de há muito caminhava só.

Doloroso existir.

De um lado a profissional respeitada.

De outro o ser humano esquecido, arquivado nas gavetas do interesse deslavado do mundo que a cercava.

Na consulta  daquela tarde, exames de rotina – todos normais.

Mas  o coração, este  banhado nas lágrimas incontidas das lembranças.

O fio de vida que a sustentava despertara a menina sonhadora, as  lembranças, a vida, o tempo que se foi – quanto tempo perdido cuidando de tudo
e de todos – menos de si.

 Gradativamente habituou-se à solidão, ao  telefone mudo às ausências cada vez maiores.

Reaprendeu a viver, a olhar para dentro de si, a buscar a  paz e a  esperar do mesmo tempo que lhe furtara tantos sonhos a possibilidade de um dia  vir a devolvê-los...

Apressou-se por conta do horário – o estacionamento  onde deixara o veículo  fecharia em poucos minutos.

Antes de retornar para casa  passou na floricultura, comprou uma dúzia de rosas brancas.

Na mesma calçada a  cafeteria, mesa escolhida no cantinho.

Soube que o estabelecimento   naquela semana mudara de  proprietários.

Um senhor de  cabelos prateados no caixa, três  balconistas novas.

Pediu  o habitual –  café com leite e pão de queijo.

A festa de casamento farta, a banda, a alegria dos convidados.. tantos anos...

Naquela tarde as lembranças  despertavam aos borbotões.

De tão absorta no passado esqueceu na mesa do café as rosas brancas.

Estava entrando no veículo quando o senhor de cabelos prateados surgiu sorrindo portando o ramalhete.

-  Você queria deixar de presente?

Balbuciou enquanto fez menção de entregar-lhe.

- Ah antes  permita-me dizer,  sou Alberto, e você como se chama?

Estranhou ser chamada de você, (porém gostou),   percebeu o brilho no olhar do interlocutor.

- Maria Luíza, muito prazer!

Conversaram alguns minutos, o que se repetiu
nos dias seguintes.

Passou a achar irrelevante a dicotomia entre os sonhos da  menina  esperançosa que morava em seu interior e a realidade imposta pelos anos – completaria sessenta nos próximos meses.

Soube que Alberto ficara viúvo há dois anos.

Tinham a mesma idade.

O que  a vida lhe subtraiu na adolescência, passou a devolver-lhe em abundância.

Alberto pediu-a em namoro.

Passou a cercá-la de mimos, carinho, atenção, flores, bilhetinhos, canções, surpresas.

Amor outonal, doce, suave equilibrado, pra sempre!

Passados alguns meses,Alberto procurou os filhos de Maria Luíza sem que  ela soubesse, noticiou o namoro,  compartilhou a felicidade que estavam vivendo.

Fez o mesmo com os seus filhos.

Maria Luíza faria aniversário no próximo final de semana.

Na segunda feira, logo pela manhã um imenso buquê de rosas cor champanhe,  acompanhado do cartão dourado, onde Alberto escreveu um
apaixonado poema a ela dedicado.

Maria Luíza  feliz da vida   abraçou as flores, releu o cartão inúmeras vezes. 

Perto da hora do almoço Alberto chegou de ponta de pé, ouviu a amada recitar 
apaixonadamente o poema.

Maria Luíza completaria 60 anos no  sábado.

Sem que percebesse auxiliado pelos familiares  Alberto organizou a festa surpresa.

Pela  primeira vez teria uma  festa de aniversário!

Nos dias que antederam  surpresas diárias  acompanhadas de carinho – o afeto sonhado na juventude provado no outono do existir.

Sábado pela manhã  o ramalhete com doze rosas brancas para comemorar o primeiro encontro – até então haviam se passado seis meses.

Lembranças  do passado arquivadas,  no presente sonhos vivenciados em todas as nuances da breve vida.

Após o café da manhã Alberto convidou-a para a caminhada diária.

Maria Luíza sentiu-se desapontada.

No íntimo, ainda que  tentasse esquecer, a todo momento imaginava  uma  festa de aniversário, mas o silêncio sobre o assunto dava a entender que não teria.

Alberto  combinou com os  familiares – enquanto saísse com a amada  eles  rapidamente, montariam a festa   no  enorme alpendre dos fundos.

Rosas brancas, mesa de doces, bolo decorado,velinhas, balões, e uma enorme faixa autografada por todos – filhos, noras, genros, netos.

Maria Luíza, nós te amamos!

Feliz Aniversário!

Festa pronta, felicidade transbordando, famílias unidas.

Marcos, o filho mais novo de Alberto  combinou com todos para esconderem  no interior da casa  para em silêncio esperar a volta do casal.

Meu bem, vamos estrar pelos fundos, acabei levando a chave errada, disse-lhe Alberto quando se aproximavam do portão de entrada.

Maria Luíza sequer imaginou o que a esperava.

Mal adentraram no corredor os netos foram surgindo – Feliz Aniversário vovó!

Os netos de Alberto  também a cumprimentavam assim!

Em seguida os filhos, os familiares, a festa!

Tocada pela emoção de sua primeira festa de aniversário Maria Luíza  chorou copiosamente abraçada ao amado, dizendo a todo  o momento – não sei  o que te dizer, não sei como  te agradecer meu amor!

Ao se aproximar da mesa adornada com as rosas brancas segurando nas mãos dos netos

Cercada de todo carinho pelos familiares, Alberto pediu a palavra.

Da sala veio o violinista tocando Tema de Lara...

Silêncio...

Apenas a canção emoldurava a  voz embargada., visivelmente emocionado, perante todos  declarou seu amor por Maria Luíza.


A menina sonhadora sentiu sua alma em festa,como nunca!

- Vovó, vovó!

Mariana a neta de oito anos  surgiu ao seu lado de mãos dadas com Adriano, neto de Alberto, portando uma caixinha dourada 
nas mãos dizendo toda feliz:

Vovó, a gente tem uma surpresa para a senhora!

-É mesmo vovó ! Espere, disse Adriano!

 
Vovó Alberto tem uma surpresa para a senhora!

- Vem vovô, vem logo!

Dito isto entregou a pequena caixa para Maria Luíza.

- Alberto transbordando de amor disse  suavemente - antes  de cantarmos para você minha querida, diante de todos quero que  você de olhos
cerrados abra o presente.


Maria Luíza sentiu-se nas nuvens,  indescritivelmente feliz!

 Nervosa,  e ao mesmo tempo  querendo abrir a embalagem.

Quando tocou percebeu o conteúdo –  um parde  alianças!

Diante da emoção de todos, abriu os olhos marejados de lágrimas,  agradeceu a Deus.

Olhou nos olhos do amado, que ternamente tocou as suas mãos, pegou as alianças da caixinha,entregando a maior para ela.

Com as mãos trêmulas segurou apaixonado a mão direita da amada, em

seguida fez o pedido:

- Maria Luíza, quer se casar comigo?
 
                                                                Ana Stoppa


publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 07:32

18
Abr 13


Rendas 

 

Rendeira que faz bem feito
Tece com os bilros a renda
Para os vestidos da prenda
Sem costuras nem emendas

Fina estampa tem a dama
Quando o amor lhe chama
Delicada abre as janelas
Para a luz entra por elas

Rendas rebordam a emoção
Na alma que o amor inflama
Fina estampa tem a dama
Quando o amor lhe chama
Delicada abre as janelas
Para o luz entra por elas.


Ana Stoppa

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 10:18


O Calor do Abraço




Ande nas estradas floridas
De mãos dadas com a paz
Assim a tua  alma desenha
Da lida a mais bela resenha


Riscos de sonhos improvise
Quando perceber o cansaço
Assim descortine o sorriso
No calor de um bom abraço


De esperança a vida é feita
Florida é a estrada direita
Riscos de sonhos improvise
Quando perceber o cansaço
Assim descortine o sorriso
No calor de um bom abraço.


Ana Stoppa

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 10:14



Chocolate

 


Desfez-se no algodão doce
A alegria da triste menina
Quisera que aquilo fosse
Apenas a quimera da sina

Mil confeitos de chocolates
Derreteram-se apressados
Rude e escaldante embate
Dos planos despedaçados

Caramelos de esperanças
Desintegradas lembranças
Mil confeitos de chocolates
Derreteram-se apressados
Rude e escaldante embate
Dos planos despedaçados.



Ana Stoppa

publicado por Ana Stoppa, Escritora Brasileira. às 10:13

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