Como meu ser queria
Escancarar as portas
Jogar a tristeza fora
Ser novamente feliz
Como meu ser queria
Aquecer as madrugadas
Silenciar as lembranças
E a dor que o vazio trás
Como o meu ser queria
Apagar muitos retratos
Os acenos de partida
A agonizante solidão
Como meu ser queria
Reencontrar a alegria
Desembaçar o espelho
Dar bom dia para a vida
Como o meu ser queria
Despojar-se das máscaras
Sorrir de dentro pra fora
Encontrar o futuro agora
Como o meu ser queria
Fazer barcos de papel
Andar descalço na areia
Inspirar-se na lua cheia
Como meu ser querida
Acender os vagalumes
Fazer de cacos mosaicos
Libertar-se do arcaico
Como meu ser queria
Voar feito borboletas
Conquistar o infinito
Silenciar tantos gritos
Mas diante da rotina
A mesmice desespera
Amedronta a letargia
Da alma enclausurada
Como meu ser queria...
Ana Stoppa